Os provérbios dos meses representam uma rica herança cultural e histórica do povo português, encapsulando a sabedoria ancestral e os ensinamentos transmitidos de geração em geração. Esses breves ditos refletem a observação atenta da natureza e a conexão profunda dos portugueses com o ciclo das estações.
Ao longo dos anos, esses provérbios foram incorporados ao vocabulário popular, oferecendo insights valiosos sobre o clima, a agricultura, a pesca, e até mesmo sobre o comportamento humano. Muitos deles ainda permanecem atuais, carregando consigo a essência da sabedoria popular portuguesa.
OS PROVÉRBIOS E OS MESES DO ANO!
Janeiro
- Janeiro: geeiro.
- Em Janeiro, sobe ao outeiro. Se vires verdejar, põe-te a chorar; se vires terrear, põe-te a cantar.
- Janeiro molhado não é bom para o pão, mas é bom para o gado.
- Janeiro frio e molhado enche a tulha e farta o gado.
- Em Janeiro, sete casacos e um sombreiro.
- Em Janeiro, seca a ovelha no fumeiro.
- Em Janeiro, cada pinga mata seu grãeiro.
- Trovão em Janeiro: nem bom canastro nem bom palheiro.
- Se o Janeiro não tiver trinta e uma geadas, tem de as pedir emprestadas.
- Luar de Janeiro não tem parceiro, mas o de Agosto dá-lhe no rosto.
- Janeiro chove, fevereiro graniza, março faz o verão e abril faz a fera.
- Em janeiro, o sol namora a terra, mas ainda não a beija.
Fevereiro
- Fevereiro: rego cheio.
- Fevereiro enxuto rói mais que todos os ratos do mundo.
- Quando não chove em Fevereiro, nem bom prado nem bom celeiro.
- Chuva de Fevereiro mata o onzeneiro.
- Água de Fevereiro enche o celeiro.
- Em Fevereiro, chuva; em Agosto, uva.
- Em Fevereiro, chega-te ao lameiro.
- Fevereiro afoga a mãe no ribeiro.
- Ao Fevereiro e ao rapaz perdoa tudo o que faz, se o Fevereiro não for secalhão e o rapaz não for ladrão.
- Neve em Fevereiro não faz bom celeiro.
- Em fevereiro, o dia cresce para o gado e a noite cresce para o ladrão.
- Fevereiro, mês da fome, nem galinhas põe.
Março
- Páscoa em Março: ou fome ou mortaço.
- Enxame de Março apanha-o no regaço.
- Março zangado é pior que o diabo.
- Março, marçagão, de manhã cara de rainha, de tarde corta com a foucinha.
- Em Março, onde quer passo.
- Em Março, tanto durmo como faço.
- Março liga a noite com o dia, o Manel co'a Maria, o pão com o pato e a erva com o sargaço.
- Nasce a erva em Março, ainda que lhe dêem com o maço.
- Sol de Março queima a dama no paço.
- Em Março, chove cada dia um pedaço.
- Março, Marçagão, de manhã Inverno à tarde Verão.
- Março azedo, abril florido, maio bom para semear.
- Março ventoso, ano medroso.
Abril
- Em Abril, mau é descobrir.
- Abril: águas mil, quantas mais puderem vir.
- Em Abril, águas mil, coadas por um mandil.
- A água que no Verão há-de regar em Abril e Maio há-de ficar.
- Abril molhado, ano abastado.
- Se não chove em Abril, perde o lavrador couro e quadril.
- Seca de Abril deixa o lavrador a pedir.
- Abril frio e molhado enche o celeiro e farta o gado.
- Abril frio: pão e vinho.
- Em Abril, queimou a velha o carro e o carril; e uma cambada que ficou em Maio a queimou.
- Em abril, se chover não há falta de verdor.
- Em abril, quem dorme fica com fome.
Maio
- Maio hortelão: muita palha e pouco grão.
- Maio couveiro não é vinhateiro.
- Maio pardo faz o ano farto.
- Maio pardo e ventoso faz o ano farto e formoso.
- Maio pardo e Junho claro podem mais que os bois e o carro.
- Fraco é o Maio se o boi não bebe na pegada.
- Fraco é o Maio que não rompe uma croça.
- Guarda para Maio o teu melhor saio.
- Em Maio, comem-se as cerejas ao borralho.
- Em Maio, nem à porta saio.
- Maio, mês da flor, junho, mês do amor.
- Maio seco, celeiro cheio.
- Maio, mês das cerejas, junho, mês das romarias.
Junho
- Junho calmoso: ano formoso.
- Junho floreiro: paraíso verdadeiro.
- Sol de Junho amadura tudo.
- Chuva de Junho: peçonha do mundo.
- Chuva de Junho: mordedura de víbora.
- Chuva junhal: fome geral.
- Junho chuvoso: ano perigoso.
- Enxame de Junho nem que seja como punho.
- Em Junho, foice no punho.
- Em Junho, perdigotos como punho.
- Feno, alto ou minguado, em Junho é segado.
- Junho chuvoso, colheita próspera.
- Em junho, o sol reina e o frio foge.
Julho
- Julho quente, seco e ventoso: trabalha sem repouso.
- Em Julho, prepara o vasculho.
- Em Julho, ceifa o trigo e faz o debulho. E, em o vento soprando, vai-o limpando.
- Em Julho, reina o gorgulho.
- Não há maior amigo do que Julho com seu trigo.
- Por todo o mês de Julho, o meu celeiro entulho.
- Julho abafadiço: abelhas no cortiço.
- Chuva de Julho que não faça barulho.
- Por muito que Julho queira ser, pouco há-de chover.
- Julho, mês do sol, agosto, mês do trovão.
- Em julho, quem não trabalha, passa fome.
Agosto
- Agosto nos farta, Agosto nos mata.
- Quem em Agosto ara, riqueza prepara.
- Quem não debulha em Agosto debulha com mau gosto.
- Quem malha em Agosto malha contra gosto.
- Chuva em Agosto enche o tonel de mosto.
- Chuva em Agosto: açafrão, mel e mosto.
- Quando chove em Agosto, chove mel e mosto.
- Agosto amadurece, Setembro vindimece.
- Agosto tem culpa se Setembro leva a fruta.
- Em Agosto, toda a fruta tem gosto.
- Temporã é a castanha que em Agosto arreganha.
- Seja o ano que for, Agosto quer calor.
- Se queres o teu homem morto, dá-lhe couves em Agosto.
- Em Agosto, ardem os montes; em Setembro, secam as fontes.
- Nem em Agosto passear nem em Dezembro marcar.
- Em Agosto, candeeiro posto.
- Em Agosto, frio no rosto.
- Em agosto, o dia cresce para o homem e a noite cresce para o mosquito.
- Agosto quente, inverno clemente.
Setembro
- Setembro: mês dos figos e cara de poucos amigos.
- Setembro molhado: figo estragado.
- No pó, semearás; em Setembro colherás.
- Em Setembro, ardem os montes e secam as fontes.
- Setembro ou seca as fontes ou leva as pontes.
- Lua nova setembrina sete luas determina.
- Setembro é o Maio do Outono.
- Setembro, mês do vinho, outubro, mês do azeite.
- Em setembro, quem semeia tarde, semeia em vão.
Outubro
- Outubro quente traz o diabo no ventre.
- Outubro suão: negaças de Verão.
- Logo que Outubro venha, prepara a lenha.
- Outubro meio chuvoso faz o lavrador venturoso.
- Em Outubro, o sisudo colhe tudo.
- Em Outubro, sê prudente: guarda pão e semente.
- Em Outubro, pega tudo.
- A árvore plantada no Outono tem um ano de abono.
- Se Outubro for erveiro, guarda para Março o palheiro.
- Outubro, mês da romaria, novembro, mês da lembrança.
- Em outubro, quem dorme à sombra, acorda ao frio.
Novembro
- Em Novembro, prova o vinho e semeia o cebolinho.
- Se em Novembro houver trovão, o ano seguinte serão bão.
- Cava em Novembro e planta em Janeiro.
- Novembro, mês dos mortos, dezembro, mês das prendas.
- Em novembro, a neve está na serra, e o frio entra em terra.
Dezembro
- Em Dezembro, treme de frio cada membro.
- Em Dezembro, lenha no lar e pichel a andar.
- Em Dezembro, descansar, para em Janeiro trabalhar.
- Em dezembro, o dia diminui, mas a alegria não esfria.
Esses provérbios dos meses refletem a riqueza cultural e a sabedoria popular portuguesa, oferecendo uma janela para entender o passado e apreciar a beleza da natureza. Ao relembrar esses ditos ancestrais, podemos nos conectar com as tradições e a sabedoria de gerações anteriores, preservando uma herança valiosa para as futuras gerações.
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